Vem e vê
Filipe encontrou Natanael e lhe disse: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas, Jesus, o Nazareno, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: de Nazaré pode sair alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê” (João 1:45-46). Vem e vê foi o convite de Filipe, é o convite do Senhor e é nosso convite àqueles perdidos no pecado.
Naturalmente, esperamos ver alguma coisa antes de acreditar. Deus não nos pede que acreditemos sem evidência. Se alguém “vier ver” Jesus através das páginas da divina revelação, ele crerá, como Natanael, que Jesus de Nazaré é o Filho de Deus, o Rei de Israel.
“Vem e vê”
Quando Natanael concordou em vir, ele não tinha grandes expectativas sobre o que ele iria ver. Seu comentário sobre Nazaré pode não ter sido de desprezo, mas provavelmente um comentário indicando a falta de quaisquer afirmações a respeito de Nazaré nas profecias messiânicas. Podemos começar a entender sua surpresa quando ele foi apresentado ao Filho de Deus, o Rei de Israel. Ele esperava tão pouco e encontrou tanto.
Jesus de Nazaré era o Verbo que era Deus e estava com Deus (João 1:1), e se tinha tornado carne para que o homem pudesse ver a glória de Deus (João 1:14). Séculos antes, Moisés disse a Deus, “Rogo-te que me mostres a tua glória” (Êxodo 33:18). Mas para que ele não morresse, Deus colocou Moisés na entrada da rocha e cobriu-o com sua mão enquanto passava. Quando acabou de passar, Deus retirou sua mão e permitiu que Moisés visse as suas costas (Êxodo3:20-23). Deus não se revelou plenamente a Moisés, mas em Jesus de Nazaré a revelação foi completa.
Em um sonho foi revelado a José que o filho de Maria seria Emanuel, “Deus conosco” (Mateus 1:23). Em outra ocasião, Filipe disse a Jesus, “ mostra-nos o Pai,” e Jesus lhe disse, “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João 14:8-9).
Hoje somos convidados a “vir e ver” Jesus de Nazaré através das páginas da santa palavra de Deus. Se alguém der apenas uma honesta olhada à narração da testemunha ocular de sua vida e ensinamento, sua morte, sepultamento e ressurreição, ele ficará face-a-face com o Filho de Deus, o Rei de Israel.
“Eu te vi”
Quando Jesus viu Natanael chegando, ele fez uma afirmação a respeito do caráter de Natanael, “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!” (João 1:47). Quando Natanael perguntou a Jesus como ele o conhecia, Jesus respondeu: “Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira” (João 1:48). Jesus sabia tudo a respeito de Natanael, seus atos e seu coração. A mulher samaritana, também impressionada pela onisciência de Jesus, entrou na cidade e disse aos homens, “Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito...” (João 4:29).
Como Jesus sabia tanto sobre Natanael e a mulher samaritana? É porque Deus sabe todas as coisas. Ele sabe tudo sobre mim e sabe tudo sobre você. De fato, nada há que possamos esconder dele. “Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra não me chegou à língua, e tu, Senhor, já a conheces toda.... Para onde me ausentarei do teu Espírito?” (Salmo 139:1-4,7). Ele nos vê.
“Maiores coisas do que estas verás”
Natanael, convencido pela demonstração de divina onisciência, exclamou para Jesus, “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és Rei de Israel!” (João 1:49). Jesus disse a Natanael, “Pois maiores coisas do que estas verás.... Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (João 1:50-51).
Natanael tinha visto bastante para convencê-lo de que Jesus era o Filho de Deus. Coisas ainda maiores seriam vistas por Natanael. Ele veria o cumprimento da eterna vontade de Deus para a redenção do homem através deste Jesus de Nazaré.
Num sonho, o patriarca Jacó viu “posta na terra uma escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela” (Gênesis 28:12). O Senhor estava acima dela e disse, “Eu sou o Senhor, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado eu ta darei, a ti, e à tua descendência. A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra” (Gênesis 28:13-14). Quando Jacó acordou, disse: “Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia. E, temendo, disse: Quão temível é este lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus” (Gênesis 28:16-17).
A escada, ou escadaria, no sonho de Jacó, está entre o céu e a terra. É o que permite o acesso do céu à terra e o acesso da terra ao céu. Na afirmação de Jesus a Natanael, o Filho do Homem é Jesus. É um nome que Jesus aplicou a si mesmo muitas vezes. Jesus disse que ele, o Filho do Homem, é aquele que: subiria (João 3:13-14), julgaria (João 5:27), daria vida eterna (João 6:27,53) e seria glorificado (João 12:23).
Anjos são os mensageiros de Deus subindo e descendo. Subindo com relatos de seu reconhecimento terrestre (Zacarias 1:11) e descendo para executar a vontade de Deus. O que é que permite a Deus cumprir sua vontade? É a obra de Jesus Cristo, seu Filho. A promessa de Deus de abençoar Abraão, Isaque, Jacó e todas as famílias da terra estava na “semente” e esta semente é Cristo (Gálatas 3:16). A obra de Cristo é de mediação. Ele é a ponte entre Deus e o homem, céu e terra.
Jesus disse a Natanael que ele veria o céu aberto (João 1:51). Os patriarcas “morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe” (Hebreus 11:13). Com respeito à salvação, os profetas “indagaram e inquiriram...investigando atentamente...” (1 Pedro 1:10-11) dando de “antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias que os seguiriam” (1 Pedro 1:11). Natanael veria o dia quando os homens poderiam chegar “portanto, confiadamente, junto ao trono da graça” para que possam achar “graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4:16).
Os sinais miraculosos, testemunhados pelos homens no primeiro século, foram verdadeiramente admiráveis e maravilhosos, criando fé. Mas, há “coisas maiores”. A ênfase não é no sinal, mas no que o sinal está apontando. “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20:30-31).
Se “viermos e virmos,” nós, como Natanael, poderemos vir a crer que Jesus é o Filho de Deus. E, crendo, veremos “coisas maiores”. Veremos que o Filho abriu o céu e que podemos ter vida em seu nome.